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Homenagem a Philip Roth

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Publicado em 25/05/2018 Análise da Crônica de Godofredo   As astúcias da razão e as certezas da loucura, literatura, Philipp Roth. Não tem acaso e coincidências nos processos inconscientes, meu nego, não vem com essa. Falei do romance O complexo de Portnoy, do Roth, das obsessões sexuais no livro, da mãe judia possessiva me trazendo fantasmas e fantasias à noite ao lado das superfícies talássicas moventes das praias catarinenses e cariocas. Madame K. estava produzida, saia curta preta combinando com meias também pretas, blusa vermelha apertada. Flamengo ou Exu, deixo você escolher, respondeu ela ao meu olhar, sorrindo, maliciosa. Logo esclareceu estar na sua fase LGBT. Eu fora ao Instituto de Bilogia para encontrá-la. Freud recebeu André Breton, o papa do surrealismo e Salvador Dali, esse último por interveniência do amigo comum Stefan Sweig, dá para ver a importância da literatura e da arte na psicanálise, né, parceiro? Falei-lhe da referência que fiz, justamente,...

Gennette e o Estruturalismo

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Publicado em 12-05-2015  Genette, intrometimento e ciência da literatura e dos aracnídeos. Ela chegou descabelada e chorando. Madame K. deixava o laboratório de tarântulas devoradoras de macho pós-coito no Instituto de Biologia para vir à Letras me dar a notícia: Genette acaba de morrer. Ela fora aluna do professor em Paris e, constam as fofocas, apaixonadinha por ele. Se rolou algo não sei, acho que não, mas com Madame K. tudo é possível. O choro dela parecia, de fato, chor o de viúva. A introdução ao arqui-texto é um dos meus livros de cabeceira, continuou ela tirando os óculos de sol,enxugando as lágrimas e assoando o nariz. É mais importante até que os seus Figuras. O cara sistematizou os gêneros literários, amigo, você que é da área de Letras sabe, né? Não dá para estudar arte literária sem ler o Genette, diz para os teus alunos. Pensei em lhe responder asperamente. Tinha que estudar os aracnídeos e ir lá palpitar no seu laboratório sobre as patas e os pel...

Literatura, Cultura e Educação : O Dilema de Bakhtin (SEGUNDA PARTE)

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MINHA VISÃO DA APLICAÇÃO DAS TEORIAS BAKHTIANAS NA SALA DE AULA Profª Vera Dias Continuamos aqui falando ainda da obra de Bakhtin tomando por base a crônica de Godofredo. Gostaria de tratar aqui com vcs, queridas alunas, a contribuição das teorias de Bakhtin para a Educação.  Embora reconheça que muito embora Bakhtin não se tenha expressado explicitamente acerca da Educação e suas questões, estas podem ser deduzidas a partir de seu contributo da valorização ao social, do outro, da cultura, linguagem e interação verbal. Como professora de vcs, do lugar em que me situo como profissional da educação, trago reflexões sobre o ato educativo, a sala de aula, a construção do conhecimento, o papel do professor e do aluno à luz do pensamento de Bakhtin. De fato, admitamos, de tudo que li até hoje , concluo que Bakhtin nunca se deteve explicitamente sobre questões da Educação. Mas toda a sua teoria, ao enfatizar a importância do social, do outro, da cultura, colocando ...

LITERATURA, CULTURA E EDUCAÇÃO : O DILEMA DE BAKHTIN (PRIMEIRA PARTE)

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Língua literária, estilo, correção e o professor inglês. O professor da London School of Economics até agora não deve ter entendido. Eu fora ao Museu Nacional , magnifica instituição da UFRJ na imperial Quinta da Boavista, no bairro de São Cristóvão, para uma pesquisa sobre a interpretação do conceito de correção gramatical nas línguas indígenas. O professor lia no power point num português carregado mas corretíssimo. Esmerava-se nas frases, pronunciando uma por uma devagar , a pontuação indicando a musicalidade exigida, com entonação algo exagerada. A conferência durou pouco. Um aluno do fundo do auditório gritou: Professor, o senhor acha que a gente não sabe ler? A gargalhada geral deixou o professor zonzo. Seguiram-se discussões levantadas em socorro do mestre por pesquisadores da casa. O Professor José Carlos de Azeredo, em palestra na véspera na UERJ, palestra elucidativa - aliás, como sempre são as proferidas pelo genial professor de português - relembrara ter ...

Antonio Candido, a Literatura e o Velho Graça

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Publicado em 12/05/2017  Antonio Candido. A notícia chegou cedo por um telefonema de São Paulo. O Mestre falecera. O verde recém roçado e roçado pela brisa ensolarada traz Antonio Candido para o Campus da UFRJ. Os limites literários mudam de lugar segundo as épocas,eu ia relembrar na aula de hoje. O extra-literário invade o texto, uma literatura autotélica não existe. Interessa ver como o que vive fora do texto se transforma em estética nas mãos do escritor, daí sim. Não há como definir uma literatura sem levar em consideração o processo histórico. Graciliano Ramos transforma em arte literária questões sociais, históricas e estéticas da sua época. Mas as soluções que propõe estão lá, bonitinhas. Penso no Candido para o texto de abertura da conversa com os orientandos nesta manhã. Nem sei se ele concordaria com tudo o que vou dizer nessa linha. Mas sua presença me passa confiança, estão nos seus livros.  Abraço afetuoso, Candido, e obrigado pelo carinho e ...

SER OU NÃO SER ? EIS A QUESTÃO : O DRAMA DE HAMLET

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Postado em 25/03/2018. A caminho do Fundão: Hamlet, édipo, covardia. Madame K., sempre ela, perguntou se podia assistir à minha aula. A Faculdade derretia, a sala com um mísero ventilador de teto tão barulhento quanto ineficaz, o Campus da UFRJ inteiro se dissolvia. Não tinha como dizer não à minha amiga, mas ela, muitas vezes, mais atrapalha do que ajuda. Deixava as suas tarântulas no Instituto de Biologia, grande especialista que é desses bichos, para saborear Shakespeare (o verbo saborear foi dito por ela). Tudo bem. Falávamos sobre a famosa indecisão de Hamlet, para alguns covardia, em matar o tio Claudius, assassino do seu pai, logo casado com a viúva Gertrudes. Padrasto,então, de Hamlet. O fantasma do pai lhe apareceu sobre as muralhas da cidade de Elsinore exigindo fosse vingado pelo filho. O amor duvidoso de Hamlet por Ofélia e a sua melancolia - para alguns fruto de incertezas amorosas - escondia, na verdade, a angústia e a aflição e o tormento que lhe oprimiam o p...