Não é Fechando os Olhos que se Sonha




Almoço na Relva , 1863, Manet. Óleo sobre tela, 214 X 270 cm. Museu do Louvre, Paris, França.

Publicada em 16/03/2014

     A metralha do calor domina as cores do Campus do Fundão. A sombra fraterna dos livros é o abrigo que a Educação proporciona. Mais ou menos assim foi a conversa entre os cinco passageiros do carro, em meio a acalorada discussão a respeito da ideologia dos jornais e semanários brasileiros atuais. Foucault, em trabalho sobre a obra de Flaubert, relembra que imaginar não é criar uma alternativa ao mundo real, é, antes, reproduzir ou recompor o que lemos ou ouvimos. A referência são os livros internalizados. O mundo das histórias lidas e ouvidas é o verdadeiro mundo, esse é o mundo real, não o contrário. Ou seja, constrói-se um mundo - ideologias, crenças, medos, fobias, preconceitos - via histórias . A obra de Flaubert ou a pintura de Manet estabelecem uma relação com a própria literatura e com a arte da pintura, nada mais. Madame Bovary ou o Almoço na relva estão, respectivamente, para a aquarela pictórica do mundo e para o murmúrio da ficção universal. Assim, o locus dos fantasmas não é a noite, a sonolência da razão, o vazio aberto face ao desejo; é, ao contrário, a vigília, a atenção aguçada, o zelo erudito. O imaginário se aloja entre o livro e a lâmpada. Não é fechando os olhos que se sonha, mas lendo e ouvindo histórias. Os colegas e parceiros jornalistas bem o sabem.



COMENTÁRIOS DA PROFª VERA DIAS



A ser publicado em breve.

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